sábado, 9 de julho de 2011

Uma vez uma mulher me disse assim: Mas a carne é muito mais forte, muito maior que tudo, o calor. Eu respondi na época: besteira. Besteira que eu fiz de não parar um segundo pra entender o que era aquilo, o tamanho da verdade que continha nas palavras daquela mulher. Ela gostava de mim, suponho. Vivia a dizer que eu tinha um doce e bom coração. Pergunto-me o que ela acharia se me visse agora. E não, não estou falando da minha mãe ou de alguma pessoa que eu amasse muito ou que, convivesse muito comigo. Ela era uma desconhecida, uma velha senhora do apartamente vizinho. Tudo nela era escuro - desde a pele até os olhos -, mas mesmo meio torto, o seu sorriso era a coisa mais luminosa de que me lembro. É incrível como pessoas como essas são como avisos, são como anjos, são como lembretes de Deus ao lado da sua cama pra um dia você acordar e ver: Não é mesmo que era verdade? É, amigos. A vida é cruel. E não, eu não tenho um bom coração. Também pergunto-me o que ela acharia se eu dissesse que não se deve confiar em mim. Eu só quero ser melhor. Isso não me impede de cometer o mais horripilante dos erros. Quero tanto um colo, quero tanto que este inverno passe, quero tanto outra vida que não seja essa. Quero tanto saber o que é felicidade, mas não só no contexto, algum dia quero ouvi-la se atracando com as paredes do meu tórax junto com meu coração. Algum dia… Algum dia.
Fernanda Guedes

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