Então, quero ir embora. Ir embora pra chegar logo. Porque enquanto estou
é insuportável, mas depois, quieta, deitada, o mundo inteiro se encaixa
aos poucos até eu pegar no sono e sentir a matéria de estar viva. Não
evaporo mais pois estou me apertando até ficar quieta nessa caixinha
minúscula que trago tão bem guardada apesar do desespero em ser aberta.
É sempre na falta que vivo. É sempre em cima da altura que não tenho que olho o mundo. E das coisas que eu não sei que falo melhor. E dos sentimentos que eu não poderia sentir que me abasteço pra ser alguma coisa além do que me faz mais uma.
E da incapacidade de ser mais uma que me agarro, pra poder participar
de algo e esquecer como é maluco tudo isso. É na alegria extremada que
sinto o tamanho do sofrimento que posso aturar.
É a loucura que sai antes quando preciso rapidamente ser normal. É porrada que dou quando a mão vai rápida para um carinho urgente. É de onde não se pode estar que tenho saudades. É para o lugar do qual fugi que vou quando corro. É no lugar insuportável que fico quando descanso de algo que não aguentei. É na falta que vivo.
- Tati Bernardi
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